Não se pode falar nas eleições gerais de 1986, que marcaram a redemocratização do país, sem fazer referência ao Plano Cruzado. O Plano Cruzado, o da inflação zero por decreto, lançado bombasticamente em 28 de fevereiro daquele ano pelo presidente Sarney, funcionou, em todos os estados, como uma espécie de anabolizante em favor dos candidatos do PMDB, apelidado na época de “ARENA da Nova República”.
José SarneyArq. Nacional
De quebra, o PMDB elegeu enorme bancada, tanto na Câmara como no Senado, numa legislatura comum posteriormente transformada, pelos próprios parlamentares, em Assembleia Nacional Constituinte.
Promulgação da Constituição Federal (1968) Arq. Nacional
A coisa foi tão vergonhosa que, logo no início da apuração dos votos, o plano econômico, mirabolante e irreal, foi, digamos, “flexibilizado”... Aquilo representou, visivelmente, uma armação montada apenas para ganhar as eleições, para enganar o povo brasileiro, que sempre se entrega a esses processos com extrema boa-fé.
Ulysses Guimarães e Roberto Cardoso Alves Arq. Nacional
O CENTRÃO NA CONSTITUINTE
O termo “centrão” não é novo. Ele foi usado para designar os parlamentares que formavam maioria na Assembleia Constituinte que deu origem à atual Constituição, em 1988. O líder do bloco era o advogado e fazendeiro paulista Roberto Cardoso Alves, o Robertão, um dos protagonistas daquele processo político. Cardoso Alves é autor da frase: “A esquerda e a direita devem entender que a Terra gira em torno do centro”. Nas votações, ele, parodiando São Francisco, lembrava sempre aos parlamentares: “É dando que se recebe”. Em tempo: Robertão, do PTB, era líder do governo Sarney, do PMDB, e articulador de confiança do presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulisses Guimarães, outro velho cacique do PMDB.