No futuro não distante, se eu puder me recordar destas flores e da música, me darei por satisfeito. Na velhice ou já sem corpo, ao se...

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No futuro não distante, se eu puder me recordar destas flores e da música, me darei por satisfeito. Na velhice ou já sem corpo, ao senti-las saberei que viver valeu demais.

Ignoro se existe um tesouro que mais valha do que ter boas lembranças. É por isso que devemos vigilantes sempre estar. Se na vida semearmos coisas boas no caminho, mais à frente, certamente, a colheita se fará na medida do plantio.

Quando eu era bem criança, brincava de caloura do Chacrinha e dublava Maria Bethania. Era e continua sendo minha abelha rainha. Ainda g...

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Quando eu era bem criança, brincava de caloura do Chacrinha e dublava Maria Bethania. Era e continua sendo minha abelha rainha. Ainda guardo a mesma paixão.

Há mais de dez anos eu remendava uma crônica publicada no extinto jornal O Norte, com frase retirada do Diário de Pernambuco,...

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Há mais de dez anos eu remendava uma crônica publicada no extinto jornal O Norte, com frase retirada do Diário de Pernambuco, atribuída a uma negra, à época, com 84 anos: “A gente é cativo da pobreza”. Igualmente, no meu texto, recordava o pensador francês Emmanuel Mounier, para quem a verdade está ao lado do pobre.

Recorri ao filósofo e à mulher pernambucana para referendar a história de quem sobrevive com tão pouco.

Se me perguntassem qual o escritor mais metódico da literatura brasileira, eu responderia sem pestanejar: Mário de Andrade. E isso não ...

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Se me perguntassem qual o escritor mais metódico da literatura brasileira, eu responderia sem pestanejar: Mário de Andrade. E isso não só por conta de sua produção abranger quase todos os gêneros literários, mas, sobretudo, por sua correspondência ativa, por sua compulsão em responder, indistintamente, quer ao poeta federal, quer ao estadual, quer ao municipal, inclusive àquele perdido e extraviado nas bibocas, nos grotões, nas brenhas desse Brasil de oito milhões de quilômetros quadrados. Não há dúvida: Mário de Andrade foi o escritor mais metódico da literatura brasileira de todos os tempos.

Ao ler a bela História da Revolução Russa , de Trotsky, lançada pela Paz e Terra em 78, resolvi partir para um espetáculo sobre Vladími...

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Ao ler a bela História da Revolução Russa, de Trotsky, lançada pela Paz e Terra em 78, resolvi partir para um espetáculo sobre Vladímir Ilich Ulianov – Lênin, mas senti que aquele relato não me bastava. Fui à Biblioteca Central da UFPB, e nada. Frequentemente eu me valia da biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio – enorme – que mandava a todo e qualquer funcionário do BB, de qualquer parte do país, os livros que quisesse, pelos malotes da estatal. Pedi e recebi pacotes sobre o homem que – contrariando Marx – implantara a “ditadura do proletariado”, 69 anos após o Manifesto Comunista (com seu tom profético não concretizado), num país... sem proletários, não industrializado, agrário, fazendo-o através de “profissionais da revolução”, que sequer eram camponeses, criando – com a Rússia e países vizinhos — a União Soviética, que duraria até 1991. Como foi possível?

    CHEGANDO AO CORAÇÃO DE ALGUÉM Não tente entrar sem convite, Para adentrar é preciso senha, Não venha cheio de exigên...

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CHEGANDO AO CORAÇÃO DE ALGUÉM
Não tente entrar sem convite, Para adentrar é preciso senha, Não venha cheio de exigências, Caminhe com cuidado, Apenas, venha... Não queira ser o dono do lugar, Não queira mudar o que lá está. Sutilmente acomode-se onde Onde o dono lhe colocar. Não traga bagagens pesadas, Difíceis de organizar. Traga leveza, carinho, Que combinam com qualquer lugar. Não chegue se sentindo em casa, Não se espalhe em demasia, Chegue com delicadeza, Para permanecer com alegria. Ao chegar ao coração de alguém, Faça-o com amor e respeito, Coração é terra nobre e sagrada, Não traga dor e tristeza, Transigir o amor não é direito.
 
DIGESTÃO
Reavaliar sentimentos... O que me acrescenta? O que me diminui? Repensar relações... Quem acolhe meu ser? Quem me suga a alma E me descarta? Redefinir projetos... Plantar rosas em terrenos férteis, Poesia é para quem tem ouvidos de ouvir. Refazer-se, reconstruir-se, reorientar-se. Esmurrar ponta de faca dilacera as mãos. Melhor uma dieta leve, Facilita a digestão.

Quem poderia supor que página de jornal amassada formasse assunto para se utilizar numa crônica? Você afirmaria? Um coletor de papel, ...

Quem poderia supor que página de jornal amassada formasse assunto para se utilizar numa crônica? Você afirmaria? Um coletor de papel, suado em suas dificuldades, roupa por lavar, barba grande; achou de mexer em uma lixeira quando se deparou com um saco plástico inchado de papelório. Para ele, como se fora ouro: assegurava seu sustento.

Pôs-se a retirar as folhas impressas. Antes de levar os papéis para vender na reciclagem, em casa, lia as notícias, crônicas, artigos, até uma vista pelos chamados “pequenos anúncios”.

As últimas eleições dividiram o Brasil. Poucas vezes se viu numa disputa política tal exaltação de ânimos, que levou a mortes e agressõ...

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As últimas eleições dividiram o Brasil. Poucas vezes se viu numa disputa política tal exaltação de ânimos, que levou a mortes e agressões. Amigos, colegas de trabalho e mesmo parentes brigaram a ponto de romper laços afetivos cultivados há muitos anos.

Li com estarrecimento o relato de uma mãe que expulsou o filho de casa porque ele votara em um candidato que não era do gosto dela. Isso é um tanto paradoxal, pois um dos ideários dos partidos era justamente a preservação da unidade familiar.

De direitos e obrigações sociais estamos cercados até a ponta de nossas últimas raízes do cabelo, que por muitas vezes nos traem insist...

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De direitos e obrigações sociais estamos cercados até a ponta de nossas últimas raízes do cabelo, que por muitas vezes nos traem insistindo sumir muito cedo. Os direitos humanos descritos e apresentados à humanidade lembram importantes temas aos farsantes que se apresentam como governantes ou líderes insolentes que impedem a circulação de povos. É uma questão séria porque dói a quem sofre limitações à sua liberdade de existir e pensar com ideias próprias. 

Vim comprar o jantar dos meus filhos numa pizzaria próxima de casa, aqui no Bessa. Não tinha vaga no estacionamento, pois grande part...

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Vim comprar o jantar dos meus filhos numa pizzaria próxima de casa, aqui no Bessa.

Não tinha vaga no estacionamento, pois grande parte da classe média praiana bolsonarista também faz o mesmo.

Não sou bolsonarista nem da classe média ideológica, essa doença; apenas da classe média econômica.

O eventual leitor (ou leitora) poderá, com toda razão, indagar o que têm a ver Van Gogh e Vermeer com sopa de tomate. Explico. É que te...

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O eventual leitor (ou leitora) poderá, com toda razão, indagar o que têm a ver Van Gogh e Vermeer com sopa de tomate. Explico. É que telas famosas de ambos os pintores, grandes nomes da arte universal, foram recentemente atingidas, em diferentes museus do mundo, por sopa de tomate lançada por ativistas que protestavam contra danos ao meio ambiente. Como se vê, dois artistas distintos, dois grupos de ativistas diversos, um mesmo meio de agressão (a sopa de tomate) e um mesmo motivo (o protesto a favor do ambiente). Aqui, vamos tentar analisá-los conjuntamente,

Sento diante do tablet , olho para ele como se nada percebesse, nem mesmo a importância dele para mim naquele exato momento. As ocorrê...

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Sento diante do tablet, olho para ele como se nada percebesse, nem mesmo a importância dele para mim naquele exato momento. As ocorrências desastrosas, me referindo apenas às mais recentes, nas quais estamos inseridos, deveriam ou poderiam passar com menor intensidade em nossas mentes neste mundo abjeto comandado pela força bruta.

Sentada em um banco da rua Sete, vejo a brisa fria do outono desfolhar os dentes-de-leão no gramado. A luz incendeia as folhas das árvo...

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Sentada em um banco da rua Sete, vejo a brisa fria do outono desfolhar os dentes-de-leão no gramado. A luz incendeia as folhas das árvores. É uma tarde esplêndida, indiferente ao rugido de inquietação que ecoa pelas esquinas do mundo.

Tomo o caule do dente-de-leão entre os dedos e o examino, sem arrancar. Tão frágil. Qualquer sopro pode desfazer o elaborado desenho.

Na noite do dia 28 de dezembro de 1943, estreava no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro “Vestido de Noiva”, peça escrita pelo j...

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Na noite do dia 28 de dezembro de 1943, estreava no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro “Vestido de Noiva”, peça escrita pelo jornalista e teatrólogo pernambucano Nelson Rodrigues. “Vestido de Noiva” se constituiu em um marco na modernização do teatro brasileiro. Três fatores contribuíram para o enorme êxito da peça: o revolucionário texto de Nelson Rodrigues, a inovadora direção de Ziembinski — um jovem polonês que havia chegado dois anos antes ao Brasil fugindo da guerra - e o suporte de uma criativa cenografia que contemplava os três níveis da ação, a alucinação, a memória e a realidade. Para o crítico Álvaro Lins, o cenógrafo do espetáculo “desenhando os cenários e construindo a arquitetura cênica – com bom gosto e uma penetração psicológica à altura da peça” poderia ser considerado uma espécie de coautor de “Vestido de Noiva”.

Pelos finais do século XIX, há um bom tempo a franco filia se espalhara pelo mundo levando sua influencia e reverberando daquela pro...

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Pelos finais do século XIX, há um bom tempo a franco filia se espalhara pelo mundo levando sua influencia e reverberando daquela proeminência cultural (afinal tinha-se ali na pós Gália Cisalpina, o próprio berço da Europa central) constantemente revalidada por pontos diversos da atividade intelectual, como ciência, matemática, artes e literatura, sem falar nas suas recentes diversificações pelos rumos da moda e das estéticas corporais, com ênfase no desenvolvimento da indústria de cosméticos e produtos de beleza.

Árvore morta Desnudo galho dependurado Pedaço sem vínculo, morto projétil seco, inutilizado que já foi vida, compôs um todo...

poesia paraibana clovis roberto
Árvore morta
Desnudo galho dependurado Pedaço sem vínculo, morto projétil seco, inutilizado que já foi vida, compôs um todo Se foi feito verso de poema igual a tijolo de casa o presente é corpo insepulto flutuante decomposição A árvore, agora ser decrépito sem vida, não tem sustento forma até de belo quadro mérito do que foi no passado