Pensei minha biografia Numa quadra, achei demais Não há bastante poesia Então lembrei dos haikais Olhei meu acervo artístico Era pequ...
Poesia sem máscara
Pensei minha biografia
Numa quadra, achei demais
Não há bastante poesia
Então lembrei dos haikais
Olhei meu acervo artístico
Era pequeno prum dístico
Talvez o meu universo
Caiba bem num monoverso
Sou floresta de bonsais...
Para o verdadeiro artista, criar é mais importante do que viver. Ele não hesita em trocar festas, viagens, amores, cargos públicos por uma ...
Criar e viver
Para o verdadeiro artista, criar é mais importante do que viver. Ele não hesita em trocar festas, viagens, amores, cargos públicos por uma rotina que lhe permita se dedicar à sua arte. Aposta não no presente, mas no futuro. Prefere, ao agora, a posteridade.
A sociedade contemporânea está ficando marcada por um comportamento que se convencionou chamar de individualismo. O ser humano está s...
O individualismo
A sociedade contemporânea está ficando marcada por um comportamento que se convencionou chamar de individualismo. O ser humano está sempre querendo se autoafirmar, buscar a singularidade, se distinguir entre os demais do seu convívio.
Cada um de nós possui suas próprias peculiaridades, o que nos coloca como parte única no universo, somos indivíduos. Em sendo assim, vivemos querendo realçar nossas dessemelhanças para impor nossas individualidades. É o desejo de se reconhecer como unidade destacada num grupo.
Nem todas as escrituras, revelações, ensinamentos, livros, bibliotecas, templos, obras de arte foram suficientes. Nem todos os mestres, Jes...
Homens de pouca fé
Nem todas as escrituras, revelações, ensinamentos, livros, bibliotecas, templos, obras de arte foram suficientes. Nem todos os mestres, Jesus, Buda, Confúcio, Moisés, Abrahão, João Batista, Aristóteles, Trismegisto, Luthero, Platão, Blavatsky, Kardec, Madre Teresa, Chico Xavier, João Paulo II, tampouco os de hoje como Divaldo Franco e Yuval Harari foram suficientes.
Nem toda a monumental obra deixada por Dante, Goethe, Victor Hugo, Shakespeare, Cervantes, Camões, Balzac, Exupéry, e tantos outros foram eficazes. Nem Rodin, Renoir, Da Vinci, Michelângelo, Vincent, Monet, nada...
De ciclos em ciclos, glórias e tragédias, dramas e espetáculos, perdas e ganhos, idas e despedidas, a existência é inexoravelmente tecidaNem todas as sublimes melodias escritas por músicos como Bach, Beethoven, Bruckner, Mahler, Chopin e Sibelius foram bastantes...
Nem todas as “zoicas” eras que alteraram a crosta terrestre e os períodos vividos pela humanidade por milhões de anos, e nem mesmo o canto dos pássaros, o desabrochar das flores, o murmúrio das ondas, a cantiga da chuva, o balé das nuvens, das borboletas, o brilho da lua, das estrelas, a dança espiralada dos bilhões de galáxias e todos os fantásticos mistérios do mundo invisível e subatômico parecem ter sido suficientes para nos preservar a esperança.
Mesmo cientes de que a “fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face”, como ensinou Allan Kardec, somos incapazes de entender que toda a Fonte da qual jorram e jorraram as maravilhas e turbulências já vividas tem origem na Lei que tudo rege.
De repente, um vírus que é criado pelos mesmos fenômenos biológicos da Vida e se alastra contaminando seres humanos por todo o planeta aterroriza terrivelmente a população incauta e esquecida. Esquecida do que já viveram os milhares de gerações, de seus dramas, suas guerras, suas pestes e tragédias pelas quais sucumbiram milhões de outros seres e renasceram outros tantos.
Esquecidos estamos, sim, de que a todos esses fenômenos sobrevivemos, progredimos e continuamos a evoluir, era após era, no ciclo das encarnações sucessivas e por onde o mundo se renova.

Lembremos de que tudo passa, como já passou, repassou e renasceu. O mundo não vai acabar com coronas e covids. A vida segue seu curso como giram e brilham as galáxias e constelações. De ciclos em ciclos, glórias e tragédias, dramas e espetáculos, perdas e ganhos, idas e despedidas, a existência é inexoravelmente tecida, desde quando viemos do lodo, perambulamos pela pré-história, nos abrigamos em tocas, tribos e cavernas e despontamos à nova era. Tudo conduzido magistralmente pelas mesmas leis que fazem a Lua e o Sol girar, nascer à hora certa, no lugar certo. E assim permaneceremos, sob o céu que nos protege, nascendo, morrendo, renascendo, progredindo sempre, tal é a Lei.
“Ah homens de pouca fé”...
A trajetória de estudante é algo inesquecível. Mais que as lições escritas pelos mestres nos quadros negros (ou lousas), ou ditadas para te...
As escolas da vida
A trajetória de estudante é algo inesquecível. Mais que as lições escritas pelos mestres nos quadros negros (ou lousas), ou ditadas para testar a habilidade auditiva e de concentração dos jovens, o ambiente escolar na infância/adolescência fica indelével na memória. Às vezes embaçado, outras com nitidez assustadora. Em todas, uma saborosa saudade.
Será possível isolar-se? Isolados do vírus estaremos, também, dos seus efeitos no espírito? Quando o alcance da janela só ia até a calçad...
Janela aberta
Será possível isolar-se? Isolados do vírus estaremos, também, dos seus efeitos no espírito?
Quando o alcance da janela só ia até a calçada da frente ou à franja do horizonte físico, o contágio estava mais ou menos evitado. No cólera de 1855/56 isto deve ter sido possível. Éramos 300 mil almas, segundo o registro de Beaurepaire Rohan em sua Corografia da Paraíba do Norte, a capital com 30 mil habitantes, o equivalente ao número de vítimas no Estado. Dez por cento, proporcional à “sciência” de então, embora com os mesmos cuidados, quarentenas e isolamentos de hoje.
Como interpretar esses tempos de isolamento social, motivado pela pandemia da corona vírus? O que está mudando no mundo, na sociedade, na e...
Sinais e Respostas
Como interpretar esses tempos de isolamento social, motivado pela pandemia da corona vírus? O que está mudando no mundo, na sociedade, na economia, nas relações humanas, no meio ambiente, etc? Que mundo vai emergir pós-pandemia?
Vamos compartilhar algumas reflexões de um aprendiz, que busca interpretar esses Sinais, à luz da Doutrina Espírita, buscando encontrar Respostas às diversas questões que estão nos bastidores, desses tempos de transição planetária.
São inquietações naturais e humanas. Há, de fato, um cenário preocupante, do ponto de vista das questões socioeconômicas. Numa perspectiva otimista, afirma-se: nas crises nos reinventamos. Também as empresas reprogramam suas estratégias e, com o tempo, tudo vai se ajustando e resignificando.
Caravana de Laboriosos Servidores estão sendo convocados e já se acham em preparação nas colônias espirituais próximas à Terra
A violência, o egoísmo, a indiferença moral, estavam sendo as grandes intérpretes desses tempos, parece que tudo conspirava para um grande conflito mundial, talvez uma guerra nuclear de consequências dolorosas e imprevisíveis. De repente, um vírus, invisivelmente, veio poupar a humanidade de um possível e terrível flagelo a nível mundial. Bem provável que o recado dado a humanidade, pela Covid-19, seja esse: volte para dentro de si mesmo; volte para perto dos seus amores; desacelere; perceba no isolamento o valor do coletivo; mude suas perspectivas; desapegue-se dos bens transitórios; volte-se para os interesses de sua alma imortal. Provavelmente, trouxe um alerta; não há mais tempo! Os desígnios divinos são inexoráveis. A lei do progresso apresenta rodas que giram infatigavelmente e impulsionam os mundos e a humanidade para frente.

Segundo Emmanuel, em O Consolador, Pergunta 88, Psicografado por Chico Xavier, em 1940, nos diz “O mundo não está sob a direção de forças cegas”
Do Livro Transição Planetária, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Franco, com Mensagens do Espírito Órion, Constelação de Touro Cap. III.
• Caravana de Laboriosos Servidores estão sendo convocados e já se acham em preparação nas colônias espirituais próximas à Terra.
• Enfrentamento inevitável entre o amor abnegado e a violência destrutiva.
• Psiquismo Terrestre e Genética humana em condições de receber os ilustres hóspedes.

• Lentamente surgirão os valores da saúde integral, da alegria, harmonia pessoal, porque a solidariedade espiritual do amor estará revitalizando-nos e encorajando-nos ao prosseguimento.
Podemos inferir dessas mensagens espirituais algo muito claro. Tudo está sob um planejamento Divino, e sendo Deus soberanamente justo e bom, surgirá uma nova terra e uma nova humanidade, sem dúvidas.
Algum vento soprará destas montanhas Dias trará de longo pavoroso sofrer Espalhando esverdeado ocluso sofrer Do enregelado deixado à pró...
A soma de todos
Algum vento soprará destas montanhas
Dias trará de longo pavoroso sofrer
Espalhando esverdeado ocluso sofrer
Do enregelado deixado à própria sorte
Que por cáfilas cáfilas de anos
Sibilou entre penedos Irmão da névoa
É comum escutar a expressão dos colegas do meu tempo de “foca”, de que o Jornalismo de antanho, aquele que fazíamos, era melhor do que o...
Mídia sem saudosismo
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Mutilação Onde estão meus olhos que teus olhos descobriram? No teu olhar que não alcanço mais E minha boca em que decifraste o sabe...
Marcas
Onde estão meus olhos
que teus olhos descobriram?
No teu olhar
que não alcanço mais
E minha boca em que decifraste
o saber e o sabor indistintos?
Nos teus lábios
que não sinto mais.
Pedaços de mim
se foram contigo
Para sempre.

Verso / Reverso
Marcas
de um outro
amor
em teu corpo.
Garras
de uma velha
dor
em meu peito.

Desencanto
Destino meu
de apagar o sol
de abarcar o vento
de afogar o mar
De procurar
e perder
e só para isso
encontrar.

Vida
Na memória
a lembrança dos mortos
No coração
a indiferença dos vivos.
Distância
Silêncio
Dupla face da solidão.
Cultura é uma palavra interessante. Já pararam para pensar no que ela diz e no que ela representa? Sabiam que “colono” e “inquilino” provêm...
Você tem Cultura?
Cultura é uma palavra interessante. Já pararam para pensar no que ela diz e no que ela representa? Sabiam que “colono” e “inquilino” provêm da mesma raiz? Conhecem aquele bairro de Roma, onde se encontra a estação Termini e em que morou o poeta Marcial, o Esquilino, situado na colina do mesmo nome, a mais alta das sete que compõem o traçado da Cidade Eterna? Pois é, essa denominação também possui a mesma origem.

No que diz respeito ao bairro romano, no traçado original da cidade, feito por Rômulo, o Esquilino se situava na parte externa do reino, vindo a ser incorporado bem mais tarde. Hoje, integra-se perfeitamente ao perfil de Roma, abrigando a Basílica de Santa Maria Maior, uma das suas sete maiores igrejas.

Cultura é, portanto, o que se cultiva ou cultua, materialmente ou no espírito; numa relação com a divindade ou por necessidades pessoais e do intelecto. Responder à questão que dá título a este texto é fácil. Todos temos cultura. Qualquer intervenção do homem feita na natureza, modificando-a, é um ato de cultura. Questão mais complexa é, como ouvi num debate na televisão, se há pessoas com mais cultura do que outras. Eu diria que, quanto maior o desenvolvimento tecnológico e humanístico, mais a cultura se expande. Há pessoas com mais cultura do que outras, então? Não tenho certeza, pois todos, particularmente, possuímos saberes que outros não têm. Mas posso afirmar que, decididamente, há mais pessoas com acesso aos bens culturais do que outras. Incluindo aí tanto o saneamento, quanto as bibliotecas...
Após um curso primário saltitando de escola em escola, finalmente chegou o grande momento: o Exame de Admissão ao curso ginasial. Para os...
O coroinha do Pio X
Após um curso primário saltitando de escola em escola, finalmente chegou o grande momento: o Exame de Admissão ao curso ginasial.
Para os meninos do meu tempo isso significava um grande salto de evolução. No ginasial entrávamos menino grande e saíamos rapaz, com acesso aos filmes proibidos da sessão noturna do cine Brasil, desde que o bigode pintado e a cara feia convencessem o fiscal do Juizado de Menores.

Mas passar no Exame de Admissão era uma tarefa hercúlea. Exigia muito conhecimento de, principalmente, matemática e língua portuguesa. E eu me sentia preparado para enfrentá-lo.
Quem não estava confiante era mamãe, que acendeu velas e encheu o meu pescoço de escapulários. Na primeira prova eu estava nervoso, e passei raspando.
Dia seguinte, a caminho do Pio X, me livrei de tudo o que enlaçava o meu pescoço, pois achei que deu azar. E passei!
Cabeludo conseguiu se livrar do padre Félix e saiu correndo pela capela, pálido, sem encarar ninguémO colégio era um mundo novo, para mim, fascinante! Começa que pela primeira vez eu usei farda. Nas escolas particulares nós não tínhamos uniformes.
Que universo! Time de futebol, laboratório, curso de fotografia, teatro, francês, inglês, gincana, canto orfeônico, e Cruzada Eucarística. Eu nunca joguei bem. Cedo me convenci que eu era um perna-de-pau. E me dediquei ao xadrez.
Um dos nossos professores, titular da turma Primeira série C era o Irmão Ricardo Cortês, “carinhosamente” chamado de Irmão Mutuca. A sua turma era composta pelos repetentes do ano anterior. E o Irmão Paulo Beckman, diretor do colégio, colocava os repetentes justamente sob o jugo do Irmão Mutuca.
Irmão Mutuca não girava muito bem. Tinha dias em que já entrava na classe vexado, dizendo: “Um, dois, três, três, dois, um: Fora! Fora!”, expulsando de classe os três primeiros alunos da chamada, SEM TER NEM POR QUÊ!
Para poder comungar tínhamos que confessar, na véspera. Se não, era pecado e a hóstia queimaria na barrigaA Cruzada Eucarística era comandada por Irmão Bruno. Ele abria as portas para as atividades culturais, como o jornalzinho O Apóstolo, no qual Humberto, meu irmão, trabalhava como repórter, ou “Foca”; como eram chamados repórteres iniciantes. Daí veio o seu apelido no colégio: Foquinha. E também dava a chance de atuarmos como coroinha nas missas.
Entrei para o canto orfeônico, compondo a turminha da Primeira Voz. Foi lá que aconteceu um episódio que contribuiu para que eu encurtasse a minha vida de religioso.
A missa começava às 5 horas da manhã. E nós tínhamos que ir em jejum, pois não podia comer antes de comungar. Numa missas dessas eu estava cantando no coro quando de repente a vista escureceu, comecei a ficar pálido, suando frio, e fui arreando. Aí Irmão Bruno me tirou do coral e me levou para comer um sanduíche. Eu havia tido a minha primeira “bilôra”!
Para poder comungar tínhamos que confessar, na véspera. Se não, era pecado e a hóstia queimaria na barriga. Pelo menos era o que os colegas mais adiantados nos diziam.
Certa manhã estava a turma de Silvino na Capela, em fila desorganizada, para se confessar. No confessionário estava o padre Félix, o terror dos adolescentes. As penas que ele prescrevia para poder absolver os nossos pecados eram terríveis: rezar 47 Pai-Nossos; ou 77 Salve-rainhas; ou 86 Ave-Marias. Por aí. Às vezes, castigos maiores. E quando padre Felix não gostava, era igual a mulher quando fica indignada: sai da frente!
Nessa dita manhã faltavam se confessar Cabeludo, Silvino, Tota, Marcelo Barros, Caúma e Gutemberg. Todos à distância do confessionário respeitável o suficiente para bagunçarem em voz baixa. Era justamente a rabeira da classe, os mais anarquistas e que tinham mais podres a confessar. Por isso ficavam por último, relutantes.
Saiu do confessionário, agarrou Cabeludo pela orelha, subindo e descendo, e gritando: “Pervertido!” “Tarado"!Cabeludo era o mais inquieto, mexendo com um, bulindo com outro. Vibrando porque à tarde iria ao Cine Rex assistir Spartacus. A sua alegria era, por dizer, contagiante. Foi quando o confessionário ficou livre e Cabeludo rapidamente lá se ajoelhou.
Passados alguns minutos, os meninos conversando baixo, quando de repente ouviu-se o grito do padre Félix: “SAFADO!”
O padre estava apoplético. - “Seu monstro!”
E saiu do confessionário, agarrou Cabeludo pela orelha, subindo e descendo, e gritando: “Pervertido!” “Tarado!”
Cabeludo conseguiu se livrar do padre Félix e saiu correndo pela capela, pálido, sem encarar ninguém. E padre Félix vociferando indignado:
“Vou contar à sua mãe!”
Pausa. Silêncio total. Então se voltou para os alunos que esperavam:
“Com uma GALINHA!”
Adler, o meu amigo e cunhado, foi um menino grande. Um grande menino. Gostava de frequentar mais os ambientes públicos do que os espaços as...
Meu amigo Adler
Adler, o meu amigo e cunhado, foi um menino grande. Um grande menino. Gostava de frequentar mais os ambientes públicos do que os espaços asfixiantes das casas. Daí o seu jeito flâner, a predileção pelos feriados nacionais, pelas festas das padroeiras, a exemplo das de Nossas Senhoras das Neves e da Luz, sobretudo esta última, guarabirense de boa cepa que ele o foi.
Recostado num balcão bolorento, Luís terminava o último trago daquela bebida barata. O ar estava enevoado de fumaça e de um ar abafado, ar ...
Naufragados
Recostado num balcão bolorento, Luís terminava o último trago daquela bebida barata. O ar estava enevoado de fumaça e de um ar abafado, ar de maresia misturado com cheiro de roupas suadas. Luís esperava há dois dias pela permissão de embarcar.
Havia mais homens antes naquele bar. Eram os maquinistas, os homens dos porões daquele que seria o grande sonho de Luís e talvez de quase todos que ali se encharcavam de desejos impossíveis. Um cachorro magrelo tomava conta de seu dono, cujo sono de bêbado lembrava mais um cadáver quase morto, quase vivo. As meretrizes já haviam se retirado também. Estas, as quais nem o sono é um direito, faziam parte daquele cenário de noites perdidas. O dono do bar sofria de insônia crônica, o que era perfeito para gerenciar o negócio.
Lado a lado se apertam em cima e em baixo Entreposta a elas sutil lâmina, membrana plácida de pó sensível, inquebrantável, com fé ...
A porta
apertam
em cima e em baixo
Entreposta a elas
sutil lâmina,
membrana plácida
de pó sensível,
inquebrantável,
com fé estofada
Quando era menina, a hora depois do almoço era uma hora em que eu mergulhava num tempo todo meu. Gostava de sentar nos alpendres das casas ...
Esconderijos de mim mesma
Quando era menina, a hora depois do almoço era uma hora em que eu mergulhava num tempo todo meu. Gostava de sentar nos alpendres das casas onde morava. O chão era frio dos mosaicos de ladrilho hidráulico (tão sem importância na época!), e ali me esparramava. Sentia na pele aquela temperatura fria dos desenhos em arabescos. E o mundo, literalmente, parava para mim.