O “Memorial do Convento” é um dos principais romances do escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura. O livro trata da construção, na primeira metade do século 18, de um Convento localizado em Mafra, nos arredores de Lisboa, numa época em que Portugal vivia um período de grande opulência, alimentada pelos fartos carregamentos de ouro e diamantes que chegavam do Brasil.
Por ser professor de pós-graduação em uma empresa com atuação nacional, com certa frequência estou em algum aeroporto. Geralmente, entre a sexta-feira e o domingo. Isso me faz passar longos períodos por aquelas salas de espera, aguardando o vôo.
Nestas esperas, fico observando o vai-e-vem das pessoas: aos grupos, sozinhas, com pressa, com crianças, enfim, cada uma de sua forma. Contudo, chama-me atenção dois diferentes tipos de pessoas: os idosos e os cadeirantes: eles não ficam presos às suas limitações, mesmo que, para isso, precisem da ajuda de alguém. Simplesmente vão! Não se rendem às dificuldades e encontram alguma forma de atingir seus objetivos. Tais exemplos, podemos trazer para nossas vidas.
Não nos curvarmos diante dos obstáculos que a vida nos traz, deve ser nossa atitude. O fardo, muitas vezes, é pesado, mas não se deve deixar que o amargor e o desânimo tomem conta de nós.
Assim, da mesma forma que existem pessoas que buscam a mobilidade física, também se deve buscar a mobilidade emocional! A leveza é que traz felicidade, e este deve ser o nosso o objetivo: alcançá-la, mesmo encontrando pedras no caminho. Em nosso DNA, está a resiliência.
Encontrar pessoas prostradas pelos becos da vida, sem saber lidar com seus sofrimentos e limitações, que deixaram de sonhar, entregues à apatia, não é raro ou incomum. Ficar chorando as dores do passado só vai trazer peso à nossa alma. É necessário quebrar os grilhões que nos acorrentam a sentimentos dolorosos, armazenados no coração. Limpar a mente de pensamentos tóxicos, nocivos, que inundam o coração, que nos fazem enxergar os problemas com lente de aumento e embaçam o olhar para o horizonte, é uma forma de conquistar mobilidade. Retirar todo este “peso” extra, trará leveza para a vida, dará condições de passos mais largos, com sonhos bem traçados, sem âncoras a nos prender, para, finalmente, encontrar novos portos.
Minha mãe nasceu em Itabuna, Bahia. E desde então a Bahia faz parte da minha vida. Daquela cidade cacaueira saiu a belíssima e exótica Miss Brasil 1962, Maria Olívia Rebouças, prima minha.
Na antiga Vila de Batalhão, um cavaleiro andante iniciou uma viagem sem volta. Ancorado em seus oitenta e oito anos intensamente vividos, foi um baluarte da cultura, um semeador das coisas e das criaturas, uma genial mente pulsante que transcendia o mundo natural e o tempo. Um construtor de sonhos, um visionário dos saberes, dos fazeres. Um topógrafo das artes que sabia reconhecer e valorizar a riqueza das coisas mais simples na cartografia de nossos traços culturais, transformando-os em pedra de toque na criação de casas de memória, verdadeiros palcos sublimes eternizando nossas raízes.
Partida
quando eu estiver velhinho, cheio de rugas
só os galos estarão cantando o amanhã
e o pasto já terá incendiado todos os trigos
já não haverá mais porque procurar fugas, da varanda,
nem escolher entre a tarde e a manhã
Sempre achei que os estudos científicos sobre o comportamento humano são profundas viagens. Lembro-me de que na década de 1980, já lia os artigos do Eduardo Mascarenhas, (desencarnado aos 54 anos) e Xênia Bier (que se passou aos 80 anos de vida). Lia-os com uma curiosidade aguçada. Hoje, com muito mais interesse, coleciono as palestras do psicoterapeuta Roberto Crema, criador da UNIPAZ, Universidade Internacional da Paz no Brasil.
Difícil imaginar um pai perder sua única filha, vítima de doença súbita com apenas 5 anos de idade, logo após ser sentenciado com endocardite incurável e, mesmo diante de tamanha fatalidade, escrever o seguinte:
Choveu pela manhã... Uma água leve, pequenas gotas que se derramavam no asfalto, nem chegavam a ser suficientes para banhar a cidade. Era início do verão natalino, cheio de sóis, calores e luzes noturnas artificiais multicoloridas em prédios, plantas, varandas e variantes humanas que se multiplicavam na tentativa de sinalizar caminhos feito como o entrelaçamento de Saturno e Júpiter, tão próximos, tão distantes.
Fica longe e faz muito tempo. Não me lembro, portanto, quem tenha me animado a pegar o giz e sair garatujando em portas e janelas a alegria do Natal e novo ano.
À guisa de introdução. Desde muito tempo admiro as crônicas de José Augusto Romero, ou “Seu Romero”, como respeitosamente assim o chamo. Não o conheci em vida física, pois quando tornei-me espírita em 1984, ela já tinha retornado à Vida Maior. Mas o autor se revela pelas suas obras. Assim surgiu a empatia entre nós, ao conhecer seu legado literário e o trabalho a frente da nossa amada Federação Espírita Paraibana. Desafie-me a escrever essa crônica a quatro mãos e a duas mentes, tendo como inspiração a sua crônica intitulada, Jesus, publicada no Livro Lições da Vida Maior, compêndio de crônicas organizado pelo seu filho Carlos Romero.
A casa era de madeira e a mesa havia sido feita por meu pai, marceneiro amador. Sobre ela, a toalha de motivos natalinos, bordada em ponto-cruz por minha mãe.
Em tempo de pandemia parece que até a natureza sente sua ação devastadora, pois a devastação é perceptível. Basta olhar as praças e os arredores da cidade para se constatar árvores com menos flores, apesar do período que enceta o colorido dos paus-d’arco, das acácias e das roseiras.
Ele estava seriamente desconfiado de que Papai Noel não existia. Os pais protestavam, não queriam que se despedisse tão cedo da infância (como se não houvesse razões mais fortes que levavam a isso!), mas ele achava que o estavam tapeando. Enganavam-no além do tempo em que deveria ser enganado. De qualquer modo, com os seus onze anos, não tinha certeza.
Inspirado no belo texto de Germano Romero, "Poema de fogo e luz", sobre a sinfonia de Scriabin, resolvi escrever um pouco sobre Prometeu. Considero o mito de Prometeu um dos mais importantes da cultura grega. Há outros que rivalizam com ele, como o de Édipo, que envolve o parricídio e o incesto.
Essa frase não é minha, foi proclamada pelo filósofo Sócrates, mas expressa uma grande verdade. Ninguém pode se considerar uma pessoa com sabedoria se não for alguém que se dedique à refletir sobre a vida. Viver constantemente interrogando a si mesmo é condição primeira para se alcançar o conhecimento profundo das coisas. Já dizia Coralina que “o saber se aprende com os mestres, e a sabedoria só com o corriqueiro da vida”.