Ao fundo, resquícios da antiga moita de engenho. O bueiro legendário não mais existe. Foi levado na cheia de 1985 pelo Rio Paraíba que, agora, magro como boi em pasto seco, desliza para o mar com enganosa mansidão.
Engenho Corredor, em Pilar, Paraíba, berço do romancista José Lins do Rego e um dos marcos da história do Nordeste açucareiro. “Engenho Sa...
O Mundo de Zé Lins
Ao fundo, resquícios da antiga moita de engenho. O bueiro legendário não mais existe. Foi levado na cheia de 1985 pelo Rio Paraíba que, agora, magro como boi em pasto seco, desliza para o mar com enganosa mansidão.
Sentado do alto da pequena colina pescava vazios espalhados à sua frente. Nos espaços da tela em branco, ia preenchendo com paisagens. In...
Cidade em pinceladas
Às margens, rápidos toques deram vida a uma vegetação de características próprias, cujas raízes desciam à terra abaixo da lama e da água, conhecedora do fluxo e refluxo das marés, batizada de manguezal. Verdes variados ao longo do dia.
Tendo assumido a APL em 14 de agosto de 1992, Tarcísio Burity era titular da cadeira número 26, que tem como patrono o padre Inácio Rolim....
A política foi a sua Esfinge
No começo, tudo era superstição, lendas e religião. Assim era o mundo antes dos gregos do século VI a.C. Como o milagre se deu permanece a...
O mistério do uso da razão
Sua tecnologia era superior. Seu conhecimento de matemática era mais profundo e abrangente. Os gregos estavam muito aquém dessas civilizações: não sabiam prever eclipses, não tinham a incrível engenhosidade para construir pirâmides, esses colossais monumentos que até hoje intrigam boa parte dos historiadores e arqueólogos.
Dois soldados, duas guerras, dois textos e dois contextos diferentes. Eis um elo entre Arthur Rimbaud (1854—1891) e Euclides da Cunha (186...
Euclides e Rimbaud
PRIMAVERAR Meu peito explode em primavera E tudo se revolve, E sonhos são gestados Em um coração inquieto. Eu gosto de primav...
Brotar em versos, primaverar
Meu peito explode em primavera E tudo se revolve, E sonhos são gestados Em um coração inquieto. Eu gosto de primaverar. Deixar florir o que há de melhor em mim Brotar em versos, Gestar meu próprio universo.
Não atuei como desejava em minha estreia no canal Youtube. Propus-me participar dos 80 anos da Academia de Letras, na comemoração a que...
As nascentes e os pássaros
Li meu trabalho de voz apagada, quase afônico, eu que sempre tentei me mostrar em público como o antigo revisor de leitura alta de A União, recém-chegado de Campina, lendo as provas tipográficas naquele timbre radiofônico da antiga Rádio Borborema.
Perdi o tom, uma hora antes da gravação, com a notícia da morte de Clodoaldo Muniz, admiração de infância, da mesma cruzada, do mesmo grupo escolar e, diferente dos outros, preso em si mesmo, contido.
Fomos irmãos dois anos somente, de 1943, quando vim morar na rua principal de nossa cidade, a 1945, quando tive de ficar interno no Pio XI para o admissão, não só ao ginásio, mas ao seminário. Clodoaldo ia também ser padre, por vocação, mas ficou se preparando como pôde, por si mesmo, em Alagoa Nova. Viera do sertão, penso que de Catolé, tangido pela seca.
Meus outros colegas eram para as traquinagens de rua, as safadezas, eu no meio deles. Com Clodoaldo, não, era um menino que pensava, entretinha-se com a cabeça, vendo o mundo sempre bem lá fora, do batente de casa, e aprendendo na escola pública e na cruzada de padre Borges. Aprendemos juntos a ajudar a missa em latim, Teodomiro, o sacristão, na parte prática, D. Antonina, minha mãe, no dizer das palavras do acólito. Minha mãe fora criada por freiras ministradas por um padre antigo da história da terra, o padre Antunes.
Foram apenas dois anos, volto a dizer. Os setenta e seis que a vida veio nos oferecer depois foram de ausência quase completa, um sabendo do outro por ouvir dizer. Ele diácono, não chegara a padre, professor, construtor de colégios e mentor espiritual de duas freguesias, em Campina Grande e Alagoa Nova. A nota de pesar da Diocese expressa seu labor e suas virtudes.
Eu estava com Raimundo Asfora numa homenagem de Alagoa Nova a Luiz Avelima, poeta e militante cultural de minha terra, ele vendo e lendo tudo de São Paulo, onde se aninhou, quando Clodoaldo me avista no discurso que fazia, merecidamente, a nosso conterrâneo. E sai dele um instante: “Estou vendo daqui o filho de dona Antonina, nosso irmão.” Ora, fazia uns cinquenta anos que não nos víamos. E como o pássaro distante que vinha de longes céus e remotas fontes posar no microfone, não se contém e canta: “Dona Antonina não, corrijo-me, Santa Antonina”.
Engoli o choro, Asfora ombreando-me ao lado, chamando-me ao aperto, para desafogarmos logo depois, no primeiro bar, sem Clodoaldo, que não bebia.
Agora, nesta semana, faltando uma ou duas horas para gravar um pouco dos meus guardados de admiração e amizade a Tarcício Burity, o telefone toca. Avelima, de São Paulo, me dá a notícia, e não teve água com sal que, daí em diante, limpasse meu discurso.
Não é fácil ler a Divina Comédia Abandone toda esperança de leitura fácil, você que adentra o território de Dante . Mas a leitura é algo...
Pequeno guia para se aproximar da Divina Comédia
No ano passado não me avisaram quando começou a Primavera, mas agora fui avisado de sua chegada pela mudança do vento e da chegada de pequ...
Lua cheia e a Primavera
A Folhinha do Sagrado Coração de Jesus pendurada na parede da biblioteca apontava o dia 22 de setembro como início dessa estação, então comecei a prestar a atenção em flores e o vento da tarde durante minhas caminhadas vespertinas.
A história a seguir me foi contada pelo meu muito querido e saudoso irmão, João Neto. Ele jurava que havia presenciado o “diálogo”, pois e...
Diálogo sertanejo
Nos idos dos anos 50 e 60 os principais transportes coletivos para o alto sertão eram o trem e umas poucas companhias interurbanas, que arriscavam seus ônibus em estradas pouco melhores do que carroçáveis.
Um dos muitos livros que li na juventude foi "O ovo apunhalado", de Caio Fernando Abreu. Nem de longe é o seu livro mais conhec...
Precisamos aprender a conviver com o espelho
Meu enorme amigo Paulo Renha foi quem alertou para o assunto. Num vídeo mandado por ele e que postei durante a semana conta-se a história ...
O hormônio de Deus
RICHARD AVEDON (1923 – 2004) foi um imenso fotógrafo americano. EZRA POUND (1885 – 1972), um grande poeta,... americano ... preso pel...
Van Gogh, Rei Lear e o Sinal de Caim
EZRA POUND (1885 – 1972), um grande poeta,... americano ... preso pelos Aliados, na Segunda Guerra, por pregações radiofônicas, na Itália, em favor do fascismo.
Bom.
- Quanto lhe devo, Barbosa?
Eu tinha dezesseis anos de idade, e isso já faz muito tempo, quando me mudei com minha mãe para Brasília. Meu destino era o hospital Sar...
Eu não queria morrer
O Sarah nascera como referência em reabilitação e reunia destacada equipe interprofissional, além de técnicas e equipamentos empregados com grande sucesso na Europa e Estados Unidos.
No caminhar da vida muitas vezes nos encontramos diante da batalha entre o coração e o cérebro. São instantes em que nossas decisões são...
Quando o coração vence o cérebro
No alto da montanha, uma copa majestosa e alongada, sobressai acima de todo o verde brejeiro, mas as curvas da Serra do Espinho, não propi...