Elencada como o terceiro dentre os sete pecados capitais, a Inveja, apesar de abominada sobretudo por sua vileza, faz parte dos processos ...

literatura paraibana mitologia eros psique miverva
Elencada como o terceiro dentre os sete pecados capitais, a Inveja, apesar de abominada sobretudo por sua vileza, faz parte dos processos humanos, de tal modo que já os antigos a incluíam em suas narrativas.

O mito de Psiquê e Eros, por exemplo, mostra as irmãs de Psiquê, cuja beleza sobrepujava a da própria Vênus, agindo contra ela, imbuídas de inveja. Fingindo cuidado e preocupação, insuflam-na a quebrar o juramento de nunca tentar ver a face do seu amado, Eros, uma vez que era vedado a um humano ver o semblante de um deus, e esse ato provoca a sua desgraça.

Filhos, ora os filhos. Levei muito a sério aquela premissa do “crescei-vos e multiplicai-vos”. Sete! Pelo menos pela contabilidade oficial...

literatura paraibana cronica nostalgia filhos perdas mitologia
Filhos, ora os filhos. Levei muito a sério aquela premissa do “crescei-vos e multiplicai-vos”. Sete! Pelo menos pela contabilidade oficial e não creio ter ocorrido por conta do acaso alguma adição a esta estatística. Doloroso é que eles crescem e quando percebemos não estão mais conosco. Algumas vezes bem longe. Filhos são desse jeito mesmo, vão emplumado as asas e quando menos esperamos alçam vôos de fazer inveja a aves migratórias. Tive uma avezinha que foi parar em Pequim. Isso ali mesmo na terra dos olhos puxados.
Outros andaram perambulando pelos sete mares. Restou-me a caçula às voltas com um curso de engenharia e já ameaçando decolar quando puser a mão no diploma. Fui assim, os meus são assim. Tivesse menos filhos, teria eu menos saudade? Será? Saudade não se divide, pode no máximo se espalhar em compartimentos e modalidades: a saudade desse, daquele outro e por aí vai. Mas quando se juntam...

Em 1968, os quatro integrantes dos Beatles já viviam aquele clima azedo de quando o casamento já não engrena mais. Ainda assim, resolveram...

literatura paraibana beatles apple records music 1968 oz badfinger billy preston
Em 1968, os quatro integrantes dos Beatles já viviam aquele clima azedo de quando o casamento já não engrena mais. Ainda assim, resolveram que era hora de investir em uma gravadora própria, focada em descobrir novos talentos, afinal, como declarou, à época, Paul McCartney, “Estamos na feliz posição de não precisar de mais dinheiro”.

Alguns sabem do apreço que tenho pela poesia de Augusto dos Anjos, que considero, sem nenhum favor, o maior poeta brasileiro e um dos maio...

literatura paraibana milton marques emile zola augusto anjos espitiuralidade evolucao humana
Alguns sabem do apreço que tenho pela poesia de Augusto dos Anjos, que considero, sem nenhum favor, o maior poeta brasileiro e um dos maiores do mundo. E sabem também o valor que dou aos versos “E o animal inferior que urra nos bosques/É com certeza meu irmão mais velho”. Considero estes versos da estrofe 5 de “Monólogo de uma Sombra”, de suma importância para a compreensão de dois nítidos veios em que a poesia do poeta paraibano se biparte: a evolução da espécie e a evolução espiritual. Eles são, digamos, ainda mais claros e sintéticos do que a estrofe inicial desse longo poema que abre o Eu, como uma espécie de profissão de fé.

Por esses dias foi dia do amigo. Muitas mensagens. Flores. Trocas de carinhos explícitos. Em tempos digitais e fazendo parte de alguns po...

literatura paraibana croniza amizade homenagem amigos nostalgia dia do amigo
Por esses dias foi dia do amigo. Muitas mensagens. Flores. Trocas de carinhos explícitos. Em tempos digitais e fazendo parte de alguns poucos grupos, claro que choveu rosinhas e beijinhos de afagos pela amizade.

Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, já dizia a canção/poema. E a neurolinguística se esforça para explicar a empatia que

Meu corpo querido, meu amado, como te sou grata. És música, uma explosão de desejos e mistérios, meu templo e meu instrumento. Sentada s...

sonia zaghetto musica erudita inspiracao cuidado corpo saude interior esperanca
Meu corpo querido, meu amado, como te sou grata. És música, uma explosão de desejos e mistérios, meu templo e meu instrumento.

Sentada sob essa árvore tão antiga, penso em ti. O perfume das folhas entra pelas narinas, chega aos pulmões. Sigo sua trajetória. Notas musicais pousam nas minhas células, mantendo o fôlego da vida. Bach.

Ouço o meu coração. Regulares batidas a traduzir o ritmo da minha existência. Elas se juntam a um ruído leve, de água a cair sobre pedras. Ruídos de verão, asas de libélulas, o calor impregnado no som, meu sangue a navegar. Pizzicato líquido. Mahler.

Quando comecei na literatura, existia uma história de que livro que não fica em pé sozinho na estante não tem valor. Claro, isso tinha...

literatura paraibana habito ler livro fino doar livro
Quando comecei na literatura, existia uma história de que livro que não fica em pé sozinho na estante não tem valor.

Claro, isso tinha a ver com a espessura do livro, não com a qualidade do seu conteúdo. Eu morria de medo de publicar um livro que não chamasse a atenção favorável de ninguém.

Mas meu primeiro livro de poemas foi magro que só eu na época – Os zumbis também escutam blues.

A Rússia foi punida pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) por uso sistemático de doping no esporte. Não pode competir como país, não po...

Tchaikovsky homossexualidade casamento suicidio musica erudita olimpiadas
A Rússia foi punida pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) por uso sistemático de doping no esporte. Não pode competir como país, não pode ter seu hino nacional tocado. Sobre o fato em si eu só tenho dois comentários. O primeiro: não tenho nenhuma tolerância com a trapaça. Não me interessa se é comum, se todo mundo faz, se vivemos novos tempos, se existem novos meios. Se a regra é fazer, sozinho, uma prova em casa, é isso o que deve ser feito. Não fazer isso é demonstrar falta de honra. Nada menos que isso, Covid ou não Covid.

Parte I Procedentes de Paris chegamos à Cidade Eterna onde hospedamo-nos no apartamento de Salomé Espínola. Sassá, como carinhosamente...

literatura paraibana toscana assis umbria italia viagem roma
Parte I

Procedentes de Paris chegamos à Cidade Eterna onde hospedamo-nos no apartamento de Salomé Espínola. Sassá, como carinhosamente a chamamos, é a nossa sobrinha-filha e afilhada.

Ela mora num apartamento da Via Sebino. Região prazerosa no nordeste de Roma, dispõe de construções antigas e imponentes, e lugares aprazíveis, como a Villa Copedé, um conjunto de palácios residências do século XIX, com a esquisita Fonte das Rãs.

Em Roma, Sassá nos levou para lugares pouco conhecidos pelos turistas, como uma cervejaria fundada em 1846, a Antica Birreria Peroni, onde bebemos deliciosas cervejas e devoramos um prato muito saboroso: tripa alla Romana! É uma espécie de dobradinha muito gostosa, com vísceras de boi. É um pouco apimentada, porém muito saborosa.

Interessante é que Ridley Scott sempre foi um diretor do tipo “ame ou deixe-o”. É possível gostar, de um modo avassalador, de alguns de se...

literatura paraibana critica filme cacador androides blade runner
Interessante é que Ridley Scott sempre foi um diretor do tipo “ame ou deixe-o”. É possível gostar, de um modo avassalador, de alguns de seus filmes. De outros, no entanto, detesta-se de uma maneira quase doentia. Por sorte, um dos maiores filmes da história do cinema (ouso dizer), Blade Runner, o caçador de androides, entra para a lista dos filmes geniais do diretor inglês.

O ambiente conflituoso em que estamos mergulhados, impede a reflexão sobre as nossas ações e sentimentos. O mundo moderno cheio de inj...

O ambiente conflituoso em que estamos mergulhados, impede a reflexão sobre as nossas ações e sentimentos. O mundo moderno cheio de injustiças e insegurança, faz com que fiquemos enfraquecidos para o despertar da esperança. O egoísmo humano da contemporaneidade promove a indiferença em relação às questões coletivas e ao bem comum. Predomina o lema: “salve-se quem puder”.

Em seu último jornal literário, Terceiro Céu, Ascendino Leite explora um incidente de forma pouco literária e mesmo destoante das sut...

Em seu último jornal literário, Terceiro Céu, Ascendino Leite explora um incidente de forma pouco literária e mesmo destoante das sutilezas ou segredos de estilo que caracterizam a sua escrita. Uma obra, sobretudo, de escritor refinado, assim na prosa como no jornal de crítica em que mais se esmerava.

O Zé Lins e o Zé Américo Trocaram correspondências Vasta documentação São cartas, experiências Dois amigos literatos Que merecem reverênci...

literatura paraibana jose americo almeida jose lins rego menino engenho bagaceira
O Zé Lins e o Zé Américo Trocaram correspondências Vasta documentação São cartas, experiências Dois amigos literatos Que merecem reverências.
Raniery Abrantes

As mãos da sinceridade apontam para um alvo em comum e desenham um bem maior em direção à singularidade. Da mesma forma que a beleza bem se encontra e se expressa nos grandiosos e dadivosos olhares da simplicidade.

Li que Thomas Edison teria dito: “O maior elogio que ouvi em toda a minha vida de inventor foi: ‘nunca vai funcionar’.” Encare, também, ...

Li que Thomas Edison teria dito: “O maior elogio que ouvi em toda a minha vida de inventor foi: ‘nunca vai funcionar’.”

Encare, também, como elogio quando ouvir: ‘não és capaz’; ‘não é para você’; ‘nunca alcançarás’; ‘não passa de sonho’; ‘não dará certo’; ‘coisa de novela’; enfim, quando acharem, ou você mesmo achar, que algo está além da tua capacidade.

Haveria um tipo qualquer de conexão histórica capaz de relacionar a raiz do algodão mocó a um - mesmo que - eventual, breve uso de cache...

literatura paraibana ensaio agricultura caatinga sertao nordeste umbu algodao
Haveria um tipo qualquer de conexão histórica capaz de relacionar a raiz do algodão mocó a um - mesmo que - eventual, breve uso de cachecóis na Paraíba? À pergunta tão disparatada cabe a quem a fez responder, no caso, e antecipadamente pronto para a resposta, este que vos escreve: num esforço adaptativo de luta pela sobrevivência, a raiz do algodão mocó (assim chamado por conseguir viver entre pedras e cascalhos, bem ao modo do roedor homônimo) mergulhou na direção do centro da terra, num impulso que redundaria profundamente feliz, por conseguir atingir o lençol freático, e a partir dali tornar-se uma fonte de riquezas para o homem dessa relativamente vasta região que compreende sertões nordestinos, desde sempre considerada a mais pobre do país.

Quando o maestro José Alberto Kaplan ficou paraplégico (em virtude da siringomielia que terminaria por derrubá-lo em 2009), passei a levá...

literatura paraibana solha musica classica erudita cultura geral jose alberto kaplan opera cinema
Quando o maestro José Alberto Kaplan ficou paraplégico (em virtude da siringomielia que terminaria por derrubá-lo em 2009), passei a levá-lo em meu carro, todas as manhãs de sábado, à residência de seu grande amigo – logo meu, também - advogado Dr. Paulo Maia -, dono da maior coleção de LPs, vídeos, CDs e DVDs de música erudita da Paraíba. Era um hábito do amigo judeu argentino – de quem eu fora parceiro na Cantata pra Alagamar e no musical Burgueses ou Meliantes - , que vinha de décadas. Tomando um bom gin com tônica (“a bebida da rainha”, dizia o Dr. Paulo) , vendo o mar logo ali, atrás da vidraça, era incrível, naquelas sessões matinais, não só acompanhar as riquíssimas programações de grandes concertos em som e imagem de alta fidelidade, como absorver algo da vasta cultura musical dos dois e dos outros frequentadores, os benditos poucos, the happy few, band of brothers: jornalista Luiz Carlos Nascimento Souza, Yerko Pinto – então spalla da Sinfônica local e integrante do prestigiado Quinteto Paraíba, além de Hector Rossi - que fora professor de contrabaixo de meu filho Alexei Dmitri (1966-2017), mais o ex-governador Tarcísio Burity (1938-2003) que, em tempos áureos, não só construíra o gigantesco Espaço Cultural José Lins do Rego da capital,