O vento Leste me traz o cheiro de bacalhau na brasa e faz com que eu suspenda o chamego com o ring neck, o periquito de pescoço anelado...

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O vento Leste me traz o cheiro de bacalhau na brasa e faz com que eu suspenda o chamego com o ring neck, o periquito de pescoço anelado de quem espero, ao ponto da impaciência, que aprenda a dizer um mísero “olá, tudo bem?”. Debruço-me, então, na janela a fim de observar, dois andares abaixo, no prédio vizinho, o grupo ruidoso em torno de uma churrasqueira. Ali, sim, fala-se pelos cotovelos. E, ao que parece, come-se bem.

Nos dias de hoje, caminhamos encurvados não diante de Deus, mas sim encurvados diante da tecnologia. Nossas cabeças baixas, imersas em ...

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Nos dias de hoje, caminhamos encurvados não diante de Deus, mas sim encurvados diante da tecnologia. Nossas cabeças baixas, imersas em telas de celulares, nos privam de enxergar o que acontece ao nosso redor. Estamos tão envoltos em um mundo virtual, que nos afastamos do contato real com pessoas próximas e nos tornamos distantes daqueles que estão ao nosso lado fisicamente.

É inegável que a tecnologia trouxe inúmeros avanços e facilidades para o nosso dia a dia. Através dos smartphones, temos acesso a informações ilimitadas, conexão instantânea com pessoas de diferentes lugares e

“Poesia não é meio de vida É um modo de viver” Viver e morrer, qual a glória? A pergunta, inscrita num poema de Professor Hildeb...

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“Poesia
não é meio de vida
É um modo de viver”

Viver e morrer, qual a glória? A pergunta, inscrita num poema de Professor Hildeberto Barbosa Filho, tem uma intensidade mágica especial. São versos de uma vitalidade agressiva que nos lança nas grandezas e misérias do que somos, enquanto inexoravelmente para a morte.

“Por que motivo as crianças, de modo geral, são poetas e, com o tempo, deixam de sê-lo?”, questiona Drummond no artigo “A educação do ...

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“Por que motivo as crianças, de modo geral, são poetas e, com o tempo, deixam de sê-lo?”, questiona Drummond no artigo “A educação do ser poético” (1974). A comparação entre as crianças e os poetas é quase um clichê. Essa analogia ocorre pelas frequentes associações tão caras ao universo infantil. Tanto a criança quanto o poeta manifestam o assombro e uma leitura especial diante de acontecimentos que, para muitas pessoas, parecem banais ou corriqueiros, passam até despercebidos.

      Baco Baco fez seu império libertando performances Criadores Poetas Homens comuns de lentas atitudes Baco posta- se à ...

 
 
 
Baco
Baco fez seu império libertando performances Criadores Poetas Homens comuns de lentas atitudes Baco posta- se à mesa Com os copos certos Serve- se do poder Da paixão Liberta o que se faz escuso Dá voz ao fraco Acende a tocha das verdades Não tolera a rigidez formal Enlouquece em ardor os homens Faz gemer de cio as mulheres E depois narcotiza em delírio a realidade Oferece a dádiva do esquecimento Todos os convivas conversavam em tom próximo do silêncio Ao fim, falavam de si, da vida e seus tormentos Quedaram - se mudos Sem culpa Libertos da sofrível mentira do veneno do olhar alheio
Na bagagem
Papéis em branco Asas da pipa gigante Empinando palavras Dobraduras de origami Pássaros libertos Voam
Árvore
E me enredo na complexa rede de vida em casca, sou seiva, musgo, pele nodosa a me multiplicar em séculos. Visto tons de infinitos verdes, folhas de enervação distinta. Tenho-a em mim árvore preciosa. Amo sua mudez distinta seu silêncio de raiz, sua força que me abraça em seus braços longos e me leva ao céu.

Quando procuramos culpados para nossas quedas, não temos essa clara visão que “o outro eu”, somos nós mesmos. O nosso “outro” cruel e...

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Quando procuramos culpados para nossas quedas, não temos essa clara visão que “o outro eu”, somos nós mesmos.

O nosso “outro” cruel eu, nos assombra, segue, induz, persegue. Desconhece o limite da realidade, leva jovens à crueza de determinar seus próprios “aqui jaz”.

A coragem de se questionar é descartada e esquecida; negada.

A filosofia do holandês Baruch Spinoza (1632 – 1677) ensina a pessoa a perder o medo de viver, estimulando-a a desenvolver a própria ...

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A filosofia do holandês Baruch Spinoza (1632 – 1677) ensina a pessoa a perder o medo de viver, estimulando-a a desenvolver a própria intuição, para vivenciar a liberdade e a alegria. Isso conduz o ser humano à arte da compaixão, que está associada a uma causa exterior, seja no cotidiano ou na convivência com os outros. Em seu livro Ética (1677), o filósofo apresenta a beleza de existir, formulando a tese de que a natureza humana é constituída de uma substância única e infinita, e por outros dois modos finitos: corpo e mente.

O AMOR O amor é brega, cego e ingênuo. Precisa de tempo, de beijo, saliva, contemplação. O amor é desastroso, embriagante, vagaros...

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O AMOR

O amor é brega, cego e ingênuo.
Precisa de tempo, de beijo, saliva, contemplação.
O amor é desastroso, embriagante, vagaroso.
É preciso passar cem vezes por sua janela, que pise em nuvens, amacie espinhos.
Ainda assim, você não saberá que é amor.
O amor precisa de ideias, de hiatos incompreendidos, de lágrimas controvertidas.

Entre os sítios Tapuio dos Nunes e Olho d’Água, em Serraria, há um riacho que os separa. Há muito que não visitava o O...

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Entre os sítios Tapuio dos Nunes e Olho d’Água, em Serraria, há um riacho que os separa.

Há muito que não visitava o Olho d’Água. Ao observar sua paisagem, a mim chegaram recordações e imagens do tempo de garoto, quando percorria o espaço de uma légua entre os dois sítios e atravessava a pé enxuto o rio Araçagi-mirim.

Em 2023 completei 50 anos de magistério. É muito, mas não o suficiente para ter aprendido o que d...

magisterio ensino conselho pai
Em 2023 completei 50 anos de magistério. É muito, mas não o suficiente para ter aprendido o que devia – sobre o que ensino e, mais ainda, sobre o ato de ensinar. Tudo começou por influência (e intimação) de meu pai, que era professor no Liceu Paraibano e em escolas particulares da capital. Certa vez um pequeno grupo o procurou para dar aulas para concurso público. Sem tempo, e sabendo do meu gosto pelas letras, ele transferiu a tarefa para mim.

Sozinhos ou em boa companhia, envelhecemos de qualquer forma. Mas, por vezes, nossas almas clamam tanto, que necessitamos sufocar esse ...

violencia compaixao
Sozinhos ou em boa companhia, envelhecemos de qualquer forma. Mas, por vezes, nossas almas clamam tanto, que necessitamos sufocar esse sentimento com uma dor física, que pode ser espetar agulhas abaixo de nossas unhas.

Nas línguas derivadas do Latim a palavra compaixão significa que não se pode olhar o sofrimento do próximo com o coração frio; em outras palavras: sente-se simpatia por quem sofre, que poderia ser por nós mesmos.

A intersecção entre saúde e espiritualidade é um tema de profunda relevância e complexidade, abordado de maneira singular pelo Espir...

saude integral espiritismo espiritualidade
A intersecção entre saúde e espiritualidade é um tema de profunda relevância e complexidade, abordado de maneira singular pelo Espiritismo. Para compreendê-lo de maneira integral, é necessário explorar os conceitos subjacentes a ambos. A saúde, em seu sentido mais amplo, não se limita apenas à ausência de doenças físicas, mas também incorpora o bem-estar emocional, psíquico e espiritual. Já a espiritualidade refere-se à busca de significado e -propósito na vida, muitas vezes associada a crenças religiosas, mas não se limitando a elas. Ela envolve uma conexão profunda do indivíduo consigo mesmo, com os outros e com o universo.

De quantas traições é feita a história... Se fôssemos radicalizar, poderíamos até dizer que a história é feita, tem sido feita, a part...

traidores trair traicao
De quantas traições é feita a história... Se fôssemos radicalizar, poderíamos até dizer que a história é feita, tem sido feita, a partir de traições. Maiores ou menores, explícitas ou camufladas, não importa, mas sempre traições. De homens, de mulheres, de civis, de militares, reais ou inventadas, de todos os tipos. A literatura ficcional também é feita de traições, pelo menos boa parte dela, talvez a melhor. Que coisa é essa, tão presente – e com tanto poder?

A longevidade, combinada à intelectualidade, é algo que todos desejamos. Ser capaz de viver uma vida plena, cercado por conhecimento e ...

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A longevidade, combinada à intelectualidade, é algo que todos desejamos. Ser capaz de viver uma vida plena, cercado por conhecimento e sabedoria, é o sonho de muitos.

E se alguém que personificou essas qualidades admiráveis, foi Carlos Romero.

Duas pessoas foram fundamentais no processo de atualização, digamos assim, do jornal A União, a partir do começo dos anos 1980, que...

agnaldo almeida jornalismo paraibano
Duas pessoas foram fundamentais no processo de atualização, digamos assim, do jornal A União, a partir do começo dos anos 1980, que coincidiu com minha passagem por lá: Domício Córdula e Agnaldo Almeida. Domício, o mago das fotos coloridas, fazia uma “seleção de cores” impecável, de fazer inveja aos grandes profissionais do Sudeste. Grande profissional, Domício Córdula! Pena que, por razões que desconheço, não queira dar um depoimento para as memórias do jornal.

De quando em quando volto a render minhas justas homenagens ao editorial, o qual, sobretudo agora, se impõe como fonte a mais responsáv...

editorial jornalismo paraibano
De quando em quando volto a render minhas justas homenagens ao editorial, o qual, sobretudo agora, se impõe como fonte a mais responsável na formação da opinião bem informada, tornando-se, depois da página de vitrine, minha primeira leitura.

Tomei esse caminho na própria A União, muito embora o editorial, escrito pelo diretor ou, em suas ausências, por veteranos da qualificação de Wilson Madruga ou Sá Leitão Filho, fosse costumeiramente a palavra do governo ou o que o governo (então de José Américo) julgasse mais interessante.