Sucessivas gerações lembram com saudade, certamente, dos antigos cinejornais, sobretudo do mais famoso deles, o icônico Canal 100, “o maio...

nostalgia cinema futebol canal 100 nelson rodrigues
Sucessivas gerações lembram com saudade, certamente, dos antigos cinejornais, sobretudo do mais famoso deles, o icônico Canal 100, “o maior acervo cinematográfico do futebol brasileiro”, na justa avaliação dos seus idealizadores.

Para os que não sabem, aquilo que ia, semanalmente, aos cinemas do Brasil era muito mais do que a cobertura dos campeonatos e jogos amistosos. Conta-se que de 1959 até 1986, com um cinejornal por semana, o Canal 100, criação de Carlos Niemeyer com ajuda de Jean Manzon, difundiu 70 mil minutos de imagens sobre os principais acontecimentos jornalísticos de sua época.

Vida e morte são o continuar dos passos o ir e vir para não se sabe onde. A única diferença é que, no fim, não se poderá mais...

poesia espiritossantense jorge elias morte ironia existir

Vida e morte são o continuar dos passos o ir e vir para não se sabe onde. A única diferença é que, no fim, não se poderá mais contar os passos.... A vida é mais irônica que as palavras. Mais do que a vida a certeza e inumeráveis escombros.

Meu colega escritor Ariano Suassuna e eu sempre tivemos uma atração muito especial por doidos e mentirosos. Vejam só como a mentira está ...

mentira mentiroso lorota invencionismo crendice
Meu colega escritor Ariano Suassuna e eu sempre tivemos uma atração muito especial por doidos e mentirosos.

Vejam só como a mentira está no nosso dia a dia. Vocês acreditam que nós, humanos, viemos do macaco, não é? Mentira. Na verdade, nós temos um ancestral comum que viveu na África há mais de 6 milhões de anos. Temos 90% de compatibilidade de genes com os macacos, mas não evoluímos deles, taok? Podem ler a teoria da evolução de frente pra trás e de baixo pra cima que não irão encontrar uma linha afirmando o contrário.

Em 2014, o suicídio de Philip Seymour Hoffman e de Robbin Williams — atores de quem eu gostava muito, principalmente o primeiro —, confirm...

cinema nordestino atuacao interpretacao ator dificuldades
Em 2014, o suicídio de Philip Seymour Hoffman e de Robbin Williams — atores de quem eu gostava muito, principalmente o primeiro —, confirmou-me que fizera bem de desistir do cinema no final de 2010, depois de uma overdose de participações que começara com os longas pernambucanos O Som ao Redor - de Kleber Mendonça Filho - e Era uma vez eu, Verônica – de Marcelo Gomes — seguindo-se, aqui em João Pessoa, com uma ponta no capítulo-piloto de um seriado de Carlos Dowling - Arte e a Maneira de Abordar seu Chefe para Pedir um Aumento –, terminando, no sertão, com o curta Antoninha, de Laércio Filho.

Nem todos entendem florinês. Dialogar com as flores viventes em plurais recantos onde elas habitam, pequeninos jarros, entre rachões de mu...

Nem todos entendem florinês. Dialogar com as flores viventes em plurais recantos onde elas habitam, pequeninos jarros, entre rachões de muros e pedras do assoalho das ruas. O jardineiro sabe segredos em plantá-las, apalpa o solo e sente quando bronco, petrificado, com calombos repelentes a raízes.

Minha tia Nininha sublimava a solteira, fazendo brotar o instinto materno nas florinhas e plantas que sua mão tocava. Parecia fada com vara de condão: plantou, pegou. Enchia ela de multicolores variações áridas áreas esturricadas: terras despidas, virginais, onde um sapo ou invasoras formigas se estabeleciam. Sobre elas despejava os fios d’água saídas pelos orifícios miúdos dos regadores. As flores sorriam alegres, criavam alma nova. Ou existe alguém duvidando da alma de flores? A fragrância delas é transcendente. As flores são vivas saídas de um suspiro de Deus sobre a Criação infinitamente derramada. Quem olhar com o espírito aberto à harmonia, certamente confundirá estrelas com flores prateadas pisca-piscantes.

I A cor amarela tem cheiro de infância. Luz, vida, inocência. Antes de me estabelecer na vida adulta, pensava que essa cor viesse do ...

experiencias mulher maternidade casamento namoro separacao filhos
I
A cor amarela tem cheiro de infância. Luz, vida, inocência. Antes de me estabelecer na vida adulta, pensava que essa cor viesse do Sol e que bastava estar acordado para compartilhar energia com todos nós. Nessa época, eu já experimentava o sabor das ideias em meu pensamento. No calor dos meus sete anos, comecei a organizar cadernos de escrita para desenhar, com letras, o brilho daquele Corpo amarelo. A cada desenho, o ânimo se renovava.

A cidade de Serraria precisa homenagear a professora, poetisa e médica Eudésia Vieira, paraibana que se dedicou à emancipação feminina e ...

A cidade de Serraria precisa homenagear a professora, poetisa e médica Eudésia Vieira, paraibana que se dedicou à emancipação feminina e muito lutou para ajudar famílias em estado de desventura.

Há cem anos, na sua juventude, em nossa cidade, atuou junto aos necessitados do saber, como professora. Revelando-se, no seu tempo, uma mulher comprometida com as causas sociais.

O 4 de novembro, afinal, está sendo levado em conta. Não como feriado vinculado à data herdada do registro histórico de assentamento da p...

O 4 de novembro, afinal, está sendo levado em conta. Não como feriado vinculado à data herdada do registro histórico de assentamento da pedra inicial da cidade. Mas ao ser invocado como referência e motivação para a abertura do Museu da Cidade e anúncio da conversão do Palácio do governo em museu do Estado. Deste último falaremos depois.

Desde a infância que o tinha como um deus, como os gregos. Mas esse era genuinamente brasileiro, mineiro de Boa Esperança, que nome bonito...

nelson freire pianista orquestra sinfonica paraiba simplicidade
Desde a infância que o tinha como um deus, como os gregos. Mas esse era genuinamente brasileiro, mineiro de Boa Esperança, que nome bonito de cidade...

O piano sempre me exerceu mágico fascínio. Quando brincava de esconde-esconde, lá pela dezena de anos, eu sumia da vista dos primos ao escutar, de longe, minha tia Iracema tocar. Um esconderijo óbvio, do qual todos já suspeitavam. E ali me punha em transe, mudo, estático, observando os dedos a deslizar pelas teclas daquela enorme e sinuosa caixa preta de onde saía sonoridade tão sublime.

Depois inventei de estudar Música, matriculei-me no Conservatório Paraibano onde vivi doces anos da pré-adolescência. Desta época trago na boa memória professores como Maurício e Sirena Gurgel, Iraci Menezes, Ísis Marinho, Catarina Abreu, Julinha Nóbrega, Gerardo Parente, Elza Cunha, Isabel Burity, e dos tantos colegas irmanados pela energia musical. Em especial, João Bosco Padilha, de quem me tornei amigo.

Para todos estes e quem mais apreciava música à época na Paraíba, Nelson Freire era um deus. Mesmo considerando pianistas igualmente talentosos como Antônio Guedes Barbosa, Jacques Klein, João Carlos Martins, Cristina Ortiz, Arthur Moreira Lima,
o prodigioso mineiro que encantou o Brasil e o mundo, era especial em tudo.

Para minha tia e madrinha, Iracema Romero de Andrade, nem se fala. Admirava Nelson como quem contempla uma estrela no céu. Tinha todos os discos dele, escutava-os frequentemente e em sua singularíssima interpretação se inspirava. A partir de então, passei a conhecer melhor Nelson, admirando-o cada vez mais, à medida que o descobria na música concebida como poucos.

Não lembro qual foi a primeira vez que o vi, mas foi aqui em João Pessoa, cidade que sempre o cativou pela beleza histórica, praias bonitas e sobretudo pelo seleto e diferenciado público de música erudita. Assim, Nelson nos dava ocasionalmente o prazer de memoráveis recitais e concertos.

Na gestão do governador Tarcísio Burity, pontuada pelo tratamento ímpar dado à cultura, Nelson se fez mais presente. Foi a época dos Festivais Internacionais de Música, em que a Orquestra Sinfônica da Paraíba se destacou entre as melhores do país, senão a melhor, como confessou pessoalmente o maestro Eleazar de Carvalho em entrevista a Jô Soares, na TV Globo. E chegamos a ter o grande regente como titular de nossa Sinfônica. Tempos áureos!


Até masterclasses de piano com Nelson Freire a Paraíba teve, patrocinadas pela administração de Tarcísio Burity, um grande apaixonado por Música. Foi exatamente numa dessas aulas que conheci Nelson mais de perto, junto com João Bosco Padilha e Hermano Assis. A empatia foi instantânea. Parece que ele havia captado em nós aquela admiração dos tempos de infância.

Certa vez, após um dos concertos no cine-teatro Banguê, o convidamos para um jantar, com o maestro Eleazar de Carvalho, a cantora lírica Maria Lúcia Godoy, e o crítico de música do jornal Le Monde, Alain Lompech, em nossa casa. Foi uma noite encantadora, inclusive por ter convidado Alaurinda Padilha,
irmã de João Bosco, ocasião em que ela e meu pai, Carlos Romero, se enamoraram.

Como foi bom perceber que Nelson se sentiu em casa lá em casa. O que se comprovou posteriormente em outras vezes, menos formais, quando ele passou a vir estudar no nosso piano, preparando-se para os concertos seguintes.

Foi aí que descobrimos o seu lado mais humano, da simplicidade, da espontaneidade, da sensibilidade para as coisas da natureza, as flores, animais e outras poesias. E ele fez de nossa casa local de assídua e prazerosa convivência, fortalecendo a amizade e a admiração. Surpreendia-nos vê-lo preferir ensaiar em nosso piano, um Essenfelder de ¼ de cauda, tendo à disposição todo o aparato do Espaço Cultural, com seus dois novíssimos pianos austríacos de cauda inteira Bösendorfers, recentemente adquiridos pelo governo de Burity. Uma vez, ele nos contou que o governador lhe perguntou por que não estava indo ensaiar nos Bösendorfers? Ao que respondeu: “É porque na casa de Germano eu me esparramo pelo chão, pelo sofá…” E era assim mesmo. Descalço, de bermudas, passeava no jardim, entre uma música e outra, tomava um cafezinho, e se mostrava a pessoa naturalmente simples e amável que sempre foi.

A essa altura sua amizade com meu futuro “tio”, irmão da boadrasta Alaurinda intensificou-se e João Bosco foi convidado para assessorá-lo, indo morar com ele, no Rio de Janeiro. E de lá, acompanhando-o pelo mundo, a cumprir extensa e concorrida agenda de performances e festivais.

Na residência do Alto do Joá, no Rio, tive o prazer de me hospedar e conhecê-lo na intimidade. Ver como ele tratava bem os partícipes de seu mundo, amigos, funcionários, animais. Tímido e reservado, podia até parecer sisudo, mas apenas na suposição, pois era amor em tudo o que fazia, dizia, tocava. Como era bom acordar e escutá-lo ao piano… Aproximava-me calado, sentava-me atrás, magnetizado por sua arte e pela maneira de dizer o que sentia na ponta dos dedos. Numa ocasião ele estava preparando o Concerto nº 2 de Brahms para abrir um Congresso Mundial de Cardiologia no Teatro Municipal. No início do primeiro movimento, após a exposição do tema, ele parou, olhou para mim e indagou:
“há algo mais crepuscular do que este começo ?”. Era o mundo que ele via na Música...

Dada a simplicidade de Nelson, ousamos em levá-lo para Baía Formosa (RN), onde dormiu em colchonete de cama de cimento e comeu sardinha frita de Dona Raimunda, trazido por Dona Regina. Assim como para a Ribeira, às margens do rio Sanhauá, do outro lado da Praia de Jacaré, onde cochilou em rede, foi picado pelos mosquitos do mangue, e se deliciou com caranguejo no coco. A casa era de tia Iracema, rústica, simples, e, quando lhe dissemos que o convidaríamos, ela se espantou: “Vocês terão coragem de levar Nelson para a Ribeira?” — “Sim, titia, ele é encantadoramente simples”. E como foi bom!

Posteriormente nos encontramos em oportunidades de viagem, no seu apartamento do Marais, nos teatros que sempre o requisitavam. No Concertgebown de Amsterdam, na Sala Pleyel, na Phillarmonie de Paris, eram sempre noites glorificadas pelo regozijo com sua arte sem limites. Acompanhadas do orgulhoso prazer em ver o brilho de um brasileiro ser comprovado invariavelmente pela calorosa aclamação de entusiasmadas plateias internacionais. Não raro, jornais como o New York Times o apontavam entre os maiores pianistas da atualidade.


Contudo, havíamos de convir que Nelson não mais pertencia apenas ao Brasil. De mãos dadas com os grandes compositores, ele se espargiu pelo planeta levando a divina arte diretamente aos corações emocionados, sem nunca esquecer de incluir, sempre que possível, nossos preciosos autores brasileiros, nas gravações, recitais e concertos em público.

Sob a capacidade de dosar e superpor com maestria os planos sonoros, destacar as vozes e melodias na mais absoluta clareza e com a expressão máxima da Música, o piano de Nelson faz inveja a qualquer orquestra. Tudo o que o compositor pretendeu dizer na partitura, ele consegue captar além, redescobrindo, e, principalmente recriando de maneira ainda mais sublime a essência musical em nova tessitura, burilada com extraordinária sensibilidade. Sabia soar estrondosamente os acordes como uma catedral, tanto quanto fazer cintilar trinados e pingos de luz na sonoridade límpida como a superfície de um lago ao luar. Certamente Debussy gostaria de ter escutado por ele o seu Clair de Lune...


As paisagens sensoriais que Nelson consegue fazer brotar no imaginário do ouvinte, inebriadas da delicadeza com que ele reveste e invoca as melodias são fruto de percepção que só as almas iluminadas possuem. Ao sentir, talvez, que não pudesse mais ser o médium capaz de nos transmiti-las, ele se desencantou do mundo terreno.

Nem sempre há forças que façam do artista um herói maior do que sua arte, do que si próprio. Nem sempre ele encontra outra forma de superar e de se expressar em idioma não mais acessível. É então que a fatalidade se sobrepõe às razões imponderáveis do existir e do não existir. Mesmo porque artistas que se doam de forma tão dedicada e altruísta como Nelson Freire sempre estarão a colher o bem que fizeram, a beleza que semearam, a felicidade que distribuíram, sobretudo nos momentos em que a vida e o mundo nos afligem.


Em sua música, eterna e vibrante, estará imortalizada toda uma vida dedicada à arte, tesouro que o acompanhará para sempre nas esferas espirituais em que ele ouvirá música ainda mais divina do que a melodia que Gluck imaginou Orfeu escutar, ao reencontrar sua amada Eurídice no Hades, e que Nelson transpõe ao piano como ninguém.


A luz que emerge da “Sonata quasi una fantasia”, de Beethoven, estará a brilhar em todas as luas que iluminarem mares e lagos, deste e de outros mundos, onde a música mais doce é a do bem que se deixa no rastro dos caminhos trilhados.

Nelson é luz que se desloca a brilhar em outros céus. Um espírito que colherá o bem que plantou, as emoções que refinou em nós, tornando-nos melhores, elevando-nos os sentimentos, e pelo legado diante do qual a humanidade lhe será eternamente grata.

Obrigado, Nelson!

Se antes já desconfiava, hoje tenho certeza: a cidade de Princesa Isabel, na região dos Cariris Velhos, é a Macondo da Paraíba. Lá, a saga...

livros autores paraibanos territorio livre princesa
Se antes já desconfiava, hoje tenho certeza: a cidade de Princesa Isabel, na região dos Cariris Velhos, é a Macondo da Paraíba. Lá, a saga de outros Aurelianos Buendias se desenrola desde 1930, quando esse território paraibano se declarou livre e independente do governo estadual.

Àquela altura dos acontecimentos, o insurrecto Coronel José Pereira sequer fazia ideia de que estava fornecendo os ingredientes necessários para um livro que viria a ser escrito muitos anos depois: “O Dia dos cachorros” (Editora Bagaço, Recife, 2005),

O maior risco da interpretação é o intérprete ver no texto o que não existe. A essa prática, dá-se o nome de superinterpretação. Superinte...

lingua portuguesa interpretacao teste
O maior risco da interpretação é o intérprete ver no texto o que não existe. A essa prática, dá-se o nome de superinterpretação. Superinterpretar é ir muito além do que está dito. É propor intenções, sugestões, duplos sentidos, quando o que se evidencia não passa muitas vezes de mediocridade. Isso pode ocorrer de boa ou má-fé.

Na Paraíba tudo chega atrasado, tudo demora. Enquanto nos outros lugares já estão com as castanhas assadas, aqui ainda estamos tirando o c...

museu cidade joao pessoa praca independencia
Na Paraíba tudo chega atrasado, tudo demora. Enquanto nos outros lugares já estão com as castanhas assadas, aqui ainda estamos tirando o caju com a vara. Mas antes tarde do que nunca. Tem sido assim sempre – ou quase sempre. É o que eu chamo de uma irresistível vocação para o atraso – e para o muro baixo. Alguns dizem que foi praga deixada por antigos magoados da província. Não duvido. Essas coisas existem, pode crer. E quando se junta a praga com a vocação, aí é demais, não tem quem possa. Sai debaixo.

Alcatraz é rocha isolada em meio às águas geladas da baía de San Francisco. Cercada por ondas de jade, ela surge aos meus olhos com um cor...

alcatraz prisao san francisco presidio fuga vivaldi
Alcatraz é rocha isolada em meio às águas geladas da baía de San Francisco. Cercada por ondas de jade, ela surge aos meus olhos com um cortejo de memórias que desconheço. “O que vais me oferecer?”, pergunto-lhe. Fiz questão de nada ler antes de chegar à ilha. Sabia apenas o básico: era uma antiga prisão federal, com fama de lugar impossível de escapar.

Quanta presunção! De repente, o pai inventa de fazer uma espécie de “decálogo” para as quatro filhas. Os pais deveriam compreender que têm...

conselhos conhecimento mandamentos pai filhos
Quanta presunção! De repente, o pai inventa de fazer uma espécie de “decálogo” para as quatro filhas. Os pais deveriam compreender que têm os filhos para o mundo e que dores e alegrias são coisas próprias da vida. Mas, há sempre aquela preocupação de repassar nossas experiências para que as crias não sofram. Pura ilusão. Coisa de pai que o leitor — e minhas quatro filhas — haverão de perdoar:

Ao concluir a leitura do livro “⅙ de laranjas mecânicas, bananas de dinamite”, do poeta, dramturgo e artista plástico Waldemar José Solha...

waldemar solha livro laranjas mecanicas bananas dinamite erudicao literatura paraiba
Ao concluir a leitura do livro “⅙ de laranjas mecânicas, bananas de dinamite”, do poeta, dramturgo e artista plástico Waldemar José Solha, confesso-me impressionada. Um livro perfeito, do começo ao fim, do criador às criaturas. Prepare-se o leitor para um verdadeiro passeio cultural, pois são ricos relatos histórico-literários em poemas rimados.

É um livro solto e gostoso de ler. O autor não deixa dúvidas de que leu e conhece bem os clássicos, a exemplo de Camões, Virgílio, Goethe, e que está por dentro de música, cinema, filosofia, teatro, arquitetura, literatura, e consegue trazer a história da humanidade para os dias atuais, unificando-a em um poema.

Waldemar José Solha está de parabéns, não apenas por este seu último livro, mas sobretudo porque é um homem sensível, que transpira cultura. A Paraíba há de reverenciá-lo sempre, pois ele realmente é uma enciclopédia de carne e osso.

Não tenho o dom da escrita. Se tivesse, eu escreveria um ensaio sobre ele. Entretanto, considero que quaisquer palavras limitariam o que eu teria a dizer sobre este livro-poema.

Quando menciono a certeza de que ele leu Virgílio, Camões (ah, os "mares nunca dantes navegados", é porque, através dos versos, o leitor atento sente que há grandes obras por trás de seu texto. Obras dos clássicos que, em torno delas, ele traça inteligentes paralelos com rimas leves, objetivas, simplificando-as em um magnífico “bolo literário”. Coisa de quem sabe mesmo do que está falando.

Nas artes plásticas, assunto que domina, é que ele dá um banho de cultura e sensibilidade, passeando dos jardins de Manet (Le Déjeuner sur l'herbe), à fotografia de Margaret Bourke-White e à arquitetura de Dubai, e, quando se refere, por exemplo, de maneira lúdica, à "transparência dos tecidos" na Vitória de Samotrácia.

Adorei a leitura deste livro que é a essência do belo. Como gostei de lê-lo! Enfim, como Solha costuma dizer ao elogiar quem merece, desta vez é a Paraíba toda que deve “tirar o chapelão e arrastar suas plumas pelo chão”, em reverência ao escritor que nos brinda com mais um de seus notáveis trabalhos.

Parabéns, Solha! Você transpira erudição.


Alaurinda Padilha Romero é violinista

      A História tem ética e estética, poética frenética da Bíblia , Ilíada, do itálico De Bello Gallico , d´ Os Sertões , Camões ...

laranjas mecanicas solha bananas dinamite poema tratado filosofico
 
 
 
A História tem ética e estética, poética frenética da Bíblia, Ilíada, do itálico De Bello Gallico, d´Os Sertões, Camões e do Vieira dos Sermões, passando – com enorme jogo de cintura - por toda a grande literatura, tudo ... parte do cômico, épico, lírico, dramático, risonho, claro, coletivo, erótico, herético, hermético, tristonho sonho,